Existem muitas mulheres que por circunstâncias econômicas, laborais, de saúde, ou porque não possuem um parceiro, decidem ou se vêem obrigadas a adiar a maternidade. Para essas situações existe o congelamento de óvulos, conhecido como criopreservação, que preserva a qualidade das células reprodutivas e oferecem para a mulher a segurança de ter ovócitos saudáveis para o futuro.
Desta maneira, e independentemente do passar do tempo, uma mulher pode experimentar a maternidade com ovócitos próprios que foram gerados na sua idade mais fértil.
A mulher nasce com um número determinado de ovócitos e sua capacidade para conceber vai diminuindo com o passar do tempo, especialmente a partir dos 35 anos. Devido ao ritmo de vida atual, cada vez mais mulheres se encontram com um nível de fertilidade mais baixo quando decidem engravidar. Com o congelamento dos ovócitos as mulheres podem alcançar a maturidade sem passar por uma diminuição significativa de chances para conceber no futuro.
A criopreservação ou congelamento de gametas é uma técnica de reprodução assistida que permite preservar a quantidade e a qualidade das células reprodutivas masculinas (espermatozóides) e femininas (óvulos).
O congelamento é uma alternativa para toda mulher que deseja adiar a gravidez ou que ainda não tem certeza sobre o desejo de engravidar. A intenção é preservar a fertilidade no momento da coleta dos óvulos e aumentar as chances de gravidez a partir deles quando (e se) chegar a hora certa.
É o que, no dia a dia, chamamos de motivo social. Entretanto, mesmo sabendo da pressão da sociedade e, principalmente, da família quanto à maternidade, a decisão de congelar óvulos vai muito além. Ela diz respeito à liberdade de fazer escolhas, emancipação e planejamento de vida da mulher independente. Assim, não se trata de necessidade, mas de autonomia.
Afinal, é bem verdade que muitas mulheres sonham com a maternidade, mas não se sentem no momento ideal para isso. E tanto quanto há outras que ainda não pararam para pensar sobre o assunto, existem aquelas que têm certeza de que não querem engravidar, mas de que querem poder mudar de ideia no futuro.
Existem alguns modelos matemáticos projetando as chances de se ter ao menos um filho a partir dos óvulos congelados em cada idade. Um estudo 2017 mostrou que, com 10 óvulos congelados, as mulheres com:
* até 35 anos têm 70% de ter ao menos um filho;
* 37 anos têm 50% de ter ao menos um filho;
* 39 anos têm 40% de ter ao menos um filho;
* 42 anos têm 20% de ter ao menos um filho.
Além daquelas que desejam engravidar somente no futuro ou das que ainda não têm certeza, outras pessoas podem se beneficiar do congelamento de óvulos: os homens trans, que podem guardar seus gametas antes de iniciar o processo de redesignação de gênero; as mulheres com endometriose, antes do tratamento cirúrgico (quando indicado); e as candidatas a tratamentos com potencial de levar à infertilidade, como ocorre no câncer e nas doenças autoimunes.
O congelamento de óvulos é uma alternativa para toda mulher! Embora não se possa falar em garantia, é um bom seguro com vistas à gravidez bem planejada e no momento certo.
Preparação para a criopreservação
- Estimulação Ovariana: Este procedimento é necessário para aumentar as possibilidades de êxito, já que de forma natural apenas um ovócito é liberado em cada ciclo menstrual. Este tratamento visa estimular o ovário para que se desenvolvam mais ovócitos a serem congelados. O tratamento dura em média 10 a 12 dias em função do protocolo utilizado e da resposta de cada paciente. Durante o mesmo, realizam-se de 3 a 4 ecografias para acompanhar o desenvolvimento folicular.
- Punção Folicular e Vitrificação: O próximo passo após a estimulação ovariana é a punção folicular, em que serão captados os ovócitos de dentro dos folículos ovarianos. Este processo dura em média de 15 a 30 minutos. Os ovócitos obtidos são vitrificados e armazenados em containers de nitrogênio líquido, podendo ser descongelados a qualquer momento. Segundo a resolução do CFM: Criopreservação – O número total de embriões gerados em laboratório não é mais limitado, devendo os pacientes decidir sobre quantos serão transferidos a fresco, conforme mantém a Resolução CFM nº 2.320/22. Os excedentes viáveis devem ser criopreservados.
- Destino dos criopreservados: Antes da geração dos embriões, os pacientes devem informar por escrito o destino a ser dado aos criopreservados em caso de divórcio, dissolução de união estável, falecimento de uma das partes ou de ambas, sendo a doação uma possibilidade. Portanto, é fundamental que a mulher passe por exames específicos antes de realizar o procedimento. Estes serão realizados em Clínica de Reprodução Humana, atendimento especializado.
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