Janeiro Branco é uma campanha brasileira que visa sensibilizar a sociedade em relação à importância da saúde mental. A iniciativa busca conscientizar as pessoas sobre a necessidade de cuidar da saúde mental tanto quanto da física, promovendo o bem-estar emocional e psicológico. O mês de janeiro foi escolhido para a campanha porque é o início do ano, período em que muitas pessoas estão fazendo planos, metas e resoluções para os meses que se seguem. 
 
Durante o Janeiro Branco, são realizadas diversas atividades e eventos, como palestras, debates, campanhas nas redes sociais e ações em comunidades, com o intuito de desmistificar o tema da saúde mental, reduzir o estigma associado aos transtornos psicológicos e incentivar a procura por ajuda profissional quando necessário.
 
Como psicóloga especializada em Neuropsicologia destaco a importância do Janeiro Branco como uma oportunidade valiosa para refletirmos sobre a saúde mental. Este mês dedicado à conscientização é crucial para promover a compreensão de que a saúde mental é uma parte integral de nosso bem-estar geral.
 
Embora tenhamos avançado significativamente no reconhecimento da importância da saúde mental como um pilar para a plenitude humana, ainda existe muito preconceito relacionado aos transtornos mentais e aos seus respectivos tratamentos, problema que apenas pode ser combatido com ações de informação e conscientização. 
 
É importante ressaltar que a prevenção e o tratamento precoce é tão importante na área da saúde mental quanto em outros aspectos da saúde humana, evitando agravamentos, reduzindo custos e melhorando significativamente o prognóstico. Porém, como a pessoa vai buscar auxílio, se ela mesma tem preconceito e receio de ser discriminada? 
 
Neste aspecto podemos dizer que preconceitos podem levar ao subdiagnóstico de transtornos mentais, pois as pessoas podem relutar em buscar ajuda devido ao estigma. O estigma pode contribuir para o isolamento social de pessoas com problemas de saúde mental, resultando em efeitos negativos na qualidade de vida e na recuperação.
 
Ainda sobre o efeito cascata causado pelo preconceito, é importante ressaltar que pessoas com transtornos mentais geralmente enfrentam discriminação no ambiente de trabalho, levando a taxas mais altas de desemprego e menor produtividade. O estigma associado aos transtornos mentais está correlacionado também com taxas mais elevadas de suicídio, já que o medo do julgamento pode impedir que as pessoas procurem ajuda quando estão em situações de crise.
 
A Neuropsicologia, ao estudar as relações entre o cérebro e o comportamento, fornece insights valiosos sobre como os aspectos neurobiológicos influenciam nossas emoções, pensamentos e ações. Compreender essas interações é fundamental para a abordagem integral da saúde mental.
 
Juntamente com a Terapia Cognitivo-Comportamental, que se destaca por identificar e modificar padrões de pensamentos disfuncionais e comportamentos inadequados, é possível oferecer estratégias práticas para lidar com desafios emocionais. O Janeiro Branco nos convida a considerar não apenas metas físicas, mas também metas relacionadas à nossa saúde mental, incentivando a busca de equilíbrio emocional e o desenvolvimento de habilidades resilientes.
 
Ao abraçarmos essa campanha, podemos criar um diálogo aberto sobre a importância de cuidar da nossa saúde mental e eliminar estigmas que ainda cercam questões psicológicas. Encorajo a todos a aproveitar este mês para se comprometerem com práticas saudáveis, sejam elas por meio da procura de apoio profissional ou do desenvolvimento de estratégias pessoais para fortalecer o bem-estar mental, como, por exemplo, a prática da “atenção plena”, ou mindfulness em inglês, em que se busca um estado mental caracterizado pela concentração total no momento presente, sem julgamento crítico.
 
Acredito que, ao integrarmos os princípios da Neuropsicologia e da Terapia Cognitivo-Comportamental, podemos oferecer uma abordagem holística e eficaz para promover a saúde mental e construir vidas mais equilibradas e significativas.